O blog da AWS
Transformação Digital no Santander: Como a Engenharia de Plataforma está Revolucionando a Infraestrutura Cloud
Por Julio Bando, arquiteto expert sênior de tecnologia na F1RST/Santander; Jaime Nagase, Principal AppMod Business Development Manager na AWS; Robert da Costa, Arquiteto de Soluções Sênior; Guilherme Greco, Arquiteto de Soluções na AWS; Edgar Costa Filho, Arquiteto de Soluções Sênior e Michael Silva, Arquiteto de Soluções Sênior.
Presente em mais de 10 países, com mais de 160 milhões de clientes no mundo, o Santander se mantem na vanguarda da inovação financeira, combinando tradição centenária com modernização tecnológica. A expansão do portfólio de negócios do Santander para além dos serviços bancários tradicionais, incluindo áreas como banco de investimento, gestão de patrimônio, seguros e soluções de pagamento, trouxe um aumento exponencial na complexidade tecnológica. A operação atual inclui mais de 200 sistemas críticos que processam bilhões de transações diariamente, evidenciando a necessidade de uma infraestrutura robusta, ágil e escalável.
Neste cenário desafiador, o Santander enfrentou duas questões principais: assegurar que os serviços provisionados seguissem as definições de arquitetura estabelecidas e reduzir o tempo de provisionamento de infraestrutura, que chegava a 90 dias. Essa situação demandava um esforço operacional intenso, especialmente diante das exigências de um mercado em constante evolução e da necessidade de inovação contínua. A solução surgiu através de uma iniciativa inovadora de engenharia de plataforma: o Catalyst, que transformou a gestão de infraestrutura e desenvolvimento em cloud no banco. Este blog post analisa os principais casos, benefícios e resultados obtidos com essa iniciativa.
A Solução
O Santander concebeu o Catalyst em conjunto com o PSP (Platform Strategy Program), um programa da AWS especializado no design de plataformas de infraestrutura. Implementada através de uma parceria entre AWS Professional Services e o Santander, a plataforma foi projetada para abstrair a complexidade do provisionamento de infraestrutura, padronizar a conformidade arquitetural e criar um arcabouço que permite a habilitação de novas tecnologias no banco.
O front-end da plataforma, feito in-house, foi desenvolvido como um portal do desenvolvedor intuitivo, oferecendo uma interface unificada para todas as necessidades de provisionamento e gerenciamento de recursos. No centro da plataforma está o Control Plane Cluster, fundamentado no Amazon Elastic Kubernetes Service (Amazon EKS). Esse cluster é o cérebro da operação, orquestrando todos os componentes e fluxos de trabalho. Dentro do cluster, o Crossplane desempenha um papel fundamental, atuando como um provisionador universal de recursos, permitindo que o Santander gerencie recursos em múltiplos provedores de nuvem de forma consistente e declarativa.
O Control Plane Cluster, possui três componentes:
- Data Plane Claims: gerenciado pelo ArgoCD (ferramenta de entrega contínua/continuous delivery), o componente é responsável pela sincronização e implantação contínua de stacks (conjuntos integrados de recursos cloud) de aplicações e configurações, explorando o conceito de GitOps.
- Policies Catalog: Um repositório central de políticas que garante conformidade e segurança em todas as operações utilizando OPA.
- Stacks Catalog: Uma biblioteca de Custom Resource Definitions e Compositions que permitem a criação rápida e padronizada de ambientes complexos.
Essa arquitetura inovadora permitiu ao Santander reduzir significativamente o tempo de provisionamento de 90 dias para apenas algumas horas. Em alguns casos, apenas minutos. O Catalyst trouxe benefícios significativos em termos de padronização, segurança e governança.
Os resultados mapeados nas implementações iniciais impressionam. O ciclo de provisionamento diminuiu de 30 dias para dois dias, enquanto o tempo de preparação para POCs saltou de 90 dias para apenas uma hora. A consolidaçãode mais de 100 pipelines em uma única control plane irá simplificar ainda mais a gestão de infraestrutura.
Figura 1 – Arquitetura Santander Catalyst
Casos de uso
A implementação do Catalyst permitiu a criação de workloads estratégicos que demonstram a versatilidade e robustez da plataforma:
1. Stack de Agentes de IA Generativa – O primeiro caso de sucesso foi a implementação de uma stack completa para agentes de IA integrando:
- Amazon Bedrock para consumo de modelos fundacionais.
- Amazon S3 para armazenamento de dados.
- AWS KMS para a gestão de chaves criptográficas.
- Políticas AWS IAM customizadas para segurança.
Esta stack reduziu o tempo de implementação de agentes de IA de 105 dias para apenas 24 horas, eliminando mais de uma dezena de tickets de provisionamento por ambiente.
2. Plataforma de Dados Moderna – Um dos workloads mais complexos implementados por meio do Catalyst foi a nova plataforma de dados, que inclui:
- Integração nativa com Databricks.
- Data Lakes.
- Workflows de ETL automatizados.
- Integração com catálogo de dados centralizado.
- Ambientes segregados para experimentação.
Com essa implementação, o Banco reduz significativamente um volume de aproximadamente 3.000 tickets mensais relacionados ao provisionamento de ambientes de experimentação de dados.
3. Orquestração de Processos em Cloud – criação de um ambiente de orquestração de processos modernos e com resultados significativos:
- Migração de workflows legados para AWS Step Functions.
- Implementação de padrões de retry e error handling.
- Monitoramento centralizado de processos.
O sucesso destes workloads demonstra não apenas a capacidade técnica do Catalyst, mas também a versatilidade da solução em atender diferentes necessidades de negócio. Cada implementação trouxe aprendizados valiosos que foram incorporados à plataforma, criando um ciclo virtuoso de melhoria contínua. A variedade de workloads implementados também evidencia como o Catalyst tem o potencial de ser uma plataforma universal, capaz de suportar desde casos de uso tradicional até os mais inovadores envolvendo IA e modernização de sistemas legados.
O sucesso do Catalyst não se limitou apenas à eficiência operacional. A plataforma também catalisou uma mudança cultural dentro do Santander, promovendo uma mentalidade de automação e autosserviço entre as equipes de desenvolvimento. Isso resultou em mais inovação, times mais ágeis e capacidade aprimorada de responder rapidamente às mudanças do mercado.
Conclusão
O Catalyst representa mais do que uma simples ferramenta tecnológica – é um habilitador de transformação digital que está redefinindo os padrões de desenvolvimento em cloud no banco. Com a plataforma, o Santander não apenas endereçou desafios de um ambiente em escala, mas também estabeleceu uma base sólida para inovação contínua e crescimento futuro.
Com esses casos práticos, o Santander comprova que o investimento em engenharia de plataforma, além de solucionar problemas técnicos, também habilita novas possibilidades de negócio, mantendo o banco na vanguarda da transformação digital no setor financeiro.
Olhando para o futuro, o Santander continuará expandindo a adoção do Catalyst nas equipes de desenvolvimento e adicionando novas capacidades ao Control Plane Cluster. Novas iniciativas incluem habilitar outras plataformas a serem desenvolvidas estendendo as capacidades do Catalyst, modernização de aplicações com IA, e uma plataforma especializada em IA generativa.
Autores |
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Julio Bando é arquiteto expert sênior de tecnologia na F1RST/Santander com 10+ anos em transformação digital. Auxilia clientes a melhorar market share e inovação. Experiência full stack em projetos diversos, liderando equipes e realizando múltiplas atividades. |
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Jaime Nagase é Principal AppMod Business Development Manager na AWS e é responsável por habilitar clientes da América Latina na jornada de serviços Serverless e Containers, em conjunto de estratégias de Modernização de Aplicações, DevOps, SRE e transformação digital! |
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Robert da Costa é Arquiteto de Soluções Sênior que trabalha há mais de 20 anos na área de tecnologia em empresas do setor financeiro. Hoje está dedicado a aprimorar os clientes que buscam inovação pelo uso de serviços na nuvem da AWS. Também adora viajar com a família e amigos para curtir o tempo livre à beira do mar. |
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Guilherme Greco é Arquiteto de Soluções na AWS, focado no segmento financeiro. Com 19 anos de experiência em infraestrutura e arquitetura, Guilherme auxilia os clientes da AWS desde 2018 a terem sucesso em suas jornadas para nuvem, desde a etapa de criação de uma fundação sólida até migrações de soluções corporativas. |
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Edgar Costa Filho é Arquiteto de Soluções Sênior com foco em Fundações e Containers, incluindo expertise na integração do Amazon EKS com ferramentas open source como Crossplane, Terraform e GitOps. Em seu papel, Edgar se dedica a ajudar os clientes a alcançar seus objetivos de negócios implementando as melhores práticas em design e gestão de infraestrutura em nuvem. |
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Michael Silva é Arquiteto de Soluções Sênior com foco em Fundações e Containers, incluindo expertise na integração do Amazon EKS com ferramentas open source como Crossplane, Terraform e GitOps. Em seu papel, Michael se dedica a ajudar os clientes a alcançar seus objetivos de negócios implementando as melhores práticas em design e gestão de infraestrutura em nuvem. |
Revisores |
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Joao Melo é Arquiteto de Soluções atendendo clientes Enterprise com foco em mercado financeiro. Com mais de 10 anos de experiência, João iniciou sua carreira como desenvolvedor Java e .NET, e posteriormente se especializou em infraestrutura como Engenheiro de Sistemas. Formado pela FEI, é entusiasta de Containers, DeFi, Sistemas de Pagamento e apaixonado por cinema e jogos. |
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Roberto Perillo é arquiteto de soluções enterprise da AWS Brasil especialista em serverless, atendendo a clientes da indústria financeira, e atua na indústria de software desde 2001. Atuou por quase 20 anos como arquiteto de software e desenvolvedor Java antes de ingressar na AWS, em 2022. Possui graduação em Ciência da Computação, especialização em Engenharia de Software e mestrado também em Ciência da Computação. Um eterno aprendiz. Nas horas vagas, gosta de estudar, tocar guitarra, e também jogar boliche e futebol de botão com seu filho, Lorenzo! |